A Chávena de Humanidade


O Cháismo é um culto baseado na adoração do que é belo entre os factos sórdidos da existência diária. (...) É uma tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida.

El teísmo es un culto basado en la adoración de lo que es bello entre los hechos sórdidos de la existencia diaria. (...) Es un intento tierno de alcanzar algo posible en esta cosa imposible a la que llamamos vida.

Kakuzo Okakura

quarta-feira, 26 de junho de 2013

uma dança

é uma dança:

rodeio-te porque a montanha deve ser subida aos poucos

su ya

Lo que me enamoró de ella fue su manera
de mover las manos
sin moverlas.

de hablar callando

de sentarse como
si fuera una nube amerizando

de dejar crecer el pelo
sin pedirle prisas
y cortarlo, manejarlo por manos de otros

lo que me enamoró de ella fue
el amor a la tijera que nos deja libres

su rostro quieto al hablar
su falta de intenciones
su ya

sábado, 22 de junho de 2013

tallo arriba

tallo arriba me deslizo entre lo que ha de venir

no paso de lado a lado, vivo en el salto

todo lo que crece enreda, trenza, teje
cada palabra es una araña que cose la tela del aliento
el hilo del verbo y la mirada nos unen al otro
nos enajenan del gesto superfluo

cavo un agujero en nuestro sueño
entro por las ramas hasta el centro de lo que ya hemos sido
la semilla es un millón de verdades
la hoja y la flor lo son

la memoria selecciona lo que somos

tengo en cuenta
lo amado
lo bello
lo aprendido

reverte

reverte. sente entre as tuas mãos o que não houve. toca os instrumentos da voz escondida. não procures, apenas encontra o que o clima te ofereça. junho adiantou um inverno e tu estavas com a cabeça em março. por isso: corre, veste as roupas da mulher antiga. corre atrás dos coelhos e as crianças. a todos eles deves agradecer o sono profundo que dormes cada noite. dá um passo atrás do outro, cada pé a seu tempo, cada lua a seu vento.

terça-feira, 11 de junho de 2013

francos

voávamos
na forma de fumo de lumes antigos
e entradeceres por chegar

quanto nos recusamos para hoje ter tanto para dar
para ouvir

somos a sombra alegre de um quase
uma letra por desenhar
o primeiro traço de um pictograma
que abre todas as possiblidades do espaço

somos o hexagrama do balde
o vazio que espera
apenas dá forma ao que chega
quatro mãos que desenham um aconchego
de palavras adiadas

atravessávamos o mar na altura certa
mas depois comíamos algas
como animais marinhos nos procurávamos nas profundezas
do outro

foi aí que esquecemos que o sol ficava longe
foi aí que nos tornámos lulas
foi aí que a nossa língua tentacular e mole
se desfez em distâncias e silêncios
borbulhas que subiam em direção à luz
que não enxergávamos

mergulhar é que nos fez fortes
encheu-nos os pulmões da verdade por onde transitamos hoje
e assim na distância somos próximos como irmãos
disponíveis como amantes
francos como a língua que falamos

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Tratado da indiferença II

II


queria a penugem da mãe mas
não sei pensar
só sei sentir
frio


queria chamar mas
há um corpo seco deitado no chão
não sei pensar
só sei sentir
frio


sábado, 1 de junho de 2013

Tratado da Indiferença I



O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.

Érico Veríssimo




O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferênça e o silêncio das pessoas boas.

Martin Luther King

I

arrastam-nos
como águas dos rios mas este feito em gritos
é tanto corpo sobre corpo
como quando nascíamos
mas agora há frio
e não sinto o cheiro da mãe
cadê os mamilos, o leite

este rio quente é o meu sangue
afogo
cadê a mãe

este homem calado que me olha
porta uma coisa brilhante
cadê a mãe